domingo, 29 de junho de 2014

PORTUGAL E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA



«Arquiduque Francisco Fernando da Áustria com a mulher, Sofia, e os filhos. O casal foi assassinado em Serajevo - fez ontem (28 de Junho) precisamente um século. A ligação da Sérvia ao assassinato, cometido por um presumível jovem mercenário bósnio, desencadeou a Primeira Grande Guerra. 


Pouco tempo após estas mortes, a Áustria-Hungria (então o segundo maior império da Europa) declarou guerra à Sérvia. A política de alianças obrigou França, Inglaterra e Rússia a entrarem na guerra contra os austríacos, apoiados pela Alemanha. Nos quatro anos seguintes, a Europa assistiu à maior mortandade que jamais assolara os seus campos de batalha.[...]»




«No início da guerra, os franceses interrogavam-se sobre o atraso que a jovem República Portuguesa levava a decidir o envio de tropas, para cumprir os compromissos impostos por alianças diplomáticas. O postal de Xavier Sager mostra a França à espera de os ver chegar. [...]»


«Soldado a caminho da frente de batalha. Desenho de Stuart Carvalhaes, c. 1917.»



[...] «O Soldado Português visto pelos franceses. Finalmente a caminho das trincheiras, pronto para o massacre de batalhas como a de La Lys, deixará para trás um rasto de auto-sacrifício em nome da Pátria. Os campos franceses albergam centenas de campas com nomes escritos em português.»



Postais ilustrados editados entre 1906 e 1918. ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.

Do livro inédito
PORTUGAL NO TEMPO DA GRANDE GUERRA
de MARINA TAVARES DIAS.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cascais, Outubro de 1888



Jogadores que efectuaram aquela que é considerada a primeira exibição de futebol em Portugal, em Cascais, em Outubro de 1888. Esta extraordinária fotografia da época retrata-os a todos. Em pé, da esquerda para a direira: João Bregaro, Jorge Figueira, Eduardo Romero, Francisco Alte, Eduardo Pinto Basto, Francisco Figueira, Salvador da França, Manuel Salema, Aires de Ornellas, Guilherme Pinto Basto e Carlos Pinto Basto. No meio: Salvador Asseca, António Avillez, Pedro Sabugal e Frederico Pinto Basto. Sentados: visconde de Castello-Novo, Luiz Trigozo, Hugo O’Neill, Francisco Avillez, Vasco Sabugosa, Augusto Moller e D. Simão de Souza Coutinho

HISTÓRIA DO FUTEBOL
de
MARINA TAVARES DIAS

O nascimento do futebol em Portugal


A primeira fotografia de um desafio é 
anterior à instituição de redes nas balizas


 HISTÓRIA DO FUTEBOL 
de MARINA TAVARES DIAS



Escreve a autora no livro que a revela:

"O jornal quinzenal «O Sport», de breve publicação no ano de 1894, confere já grande destaque à modalidade cujo impacto público não parara de alargar-se nos últimos dois anos. Este é o primeiro título lisboeta inteiramente dedicado a temas desportivos, estando a sua fundação ligada a sócios do Real Gymnasio Club Português, entre os quais se destaca Carlos Xafredo, director da nova publicação. Utilizando um método muito em voga na época (albumina fotográfica colada ao centro da primeira página), o jornal apresenta uma das primeiras imagens de um desafio de futebol em Portugal. A legenda – na última página – refere-o nos seguintes termos:

'A photographia que acompanha o nosso primeiro número é um interessante instantâneo photographico do ‘match’ de ‘football’ que se realizou no dia 25 de Março de 1893 na Quinta Nova em Carcavellos entre o ‘team’ do C.C. [Carcavellos Club] e o do R.G.C.P. [Real Gymnasio Club Portuguez].
Este ‘match’ ficou empatado marcando cada ‘team’ um ‘goal’, e era desforra do que se tinha realizado em 8 de Dezembro de 1893 [sic] no qual o R.G.C.P. perdera por 6 ‘goals’. [...]" (continua no livro)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A PRAIA 1900
por 
MARINA TAVARES DIAS
(continuação)

«[.../...]
A moda dos mergulhos de mar era recente, especialmente sem o apoio das antigas «barcas de banhos», que levavam grupos até fora de pé sem que fosse necessário «fazer a praia». Divulgada pela corte no tempo do Rei D. Luís, foi sobretudo o filho deste, D. Carlos, quem tornou o hábito uma rotina entre as famílias que, no Inverno, ditavam a moda em bailes, festas ou récitas de S. Carlos. 

Os lisboetas habituaram-se a rumar a Cascais, pela linha férrea, preferindo finalmente o oceano às areias do Tejo, mais próximas de Lisboa. Poucos, no entanto, nadavam tão bem como o Rei ou eram tão afoitos como ele. Quase toda a gente se limitava a chapinhar na orla da praia, entre cadeirões de verga e pescadores na faina. 

Apenas os mais novos envergavam fato de banho. Em 1900, os maillots masculinos eram uma só peça, de meia manga e tecido riscado. Os femininos compunham-se com vestido curto de castorina, calção com o mesmo debruado, cabelo apanhado em touca [...] e alpercatas para esconder os dedos dos pés. Estavam os jovens prontos para o mar de Outubro – que era o mês da praia. A maioria das senhoras de sociedade limitava-se a observar os banhistas, continuando sob as sombrinhas e sem despir o vestido branco, de chiffon e linho» (continua) 





O Rei D. Carlos na sua praia preferida,
em Cascais (Praia dos Pescadores). 
Fotografias sequenciais
de António Novaes, 1907 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Praia 1900
por Marina Tavares Dias

Por incrível que possa parecer, os melhores meses de praia nem sempre foram de Verão. No início do século XX, as famílias abastadas rumavam ao campo nos dias mais quentes. Quintas e hortas dos arredores contavam como campo, e era precisamente aí que muita gente possuía segunda casa, destinada ao veraneio. Cuidava-se de não manter a tez exposta ao sol, pois não se desejaria ser visto em sociedade ostentando bronzeado próprio dos trabalhadores rurais. Quando o sol deixava de ser ameaça, fazia-se então a temporada de praia, quase sempre quando o mês de Outubro já ia adiantado. Ainda assim, a maior parte das pessoas permanecia vestida, sob resguardo de toldos, barracas ou sombrinhas. (.../...)
[continua]



quinta-feira, 19 de junho de 2014

O NASCIMENTO DO ESTORIL

Os banhos medicinais do Estoril, em 1888 
(gravura da época)

Uma imagem como esta do Estoril – sem arcadas, parque ou casino – parece-nos hoje inacreditável. Aquela que viria a ser a mais elegante praia de 1950 ainda era assim menos de quatro décadas antes. Santo António do Estoril não possui as tradições de Cascais ou do Monte. Localidade praticamente esquecida até 1913, foi para ela que Fausto Cardoso de Figueiredo concebeu de raiz um arranjo urbanístico girando em torno do salão de jogos. A Primeira Grande Guerra atrasou o plano, publicado em livro e amplamente divulgado em 1914. Só no final dos anos 20, com a inauguração da nova estação ferroviária do Cais do Sodré (Lisboa), começou a afluência à nova praia da moda.



Ao longo das décadas seguintes, o Estoril tornou-se destino de férias das elites e morada desejada para reis, príncipes e celebridades em geral. Juan Carlos de Espanha aprendeu a nadar com os banheiros do Tamariz, Humberto II de Itália passeou-se pelo curto areal, o imperador do Japão veio em a lua-de-mel, Carol II da Roménia acabaria por morrer aqui. O Estoril, capa idealizada de folhetos turísticos, primeiro cartaz de veraneio do século XX, foi imaginado de raiz como o paraíso que encontraram. Passado ao papel sob orientação de um sonhador que soube aproveitar o nosso sol.

MARINA TAVARES DIAS 
in PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Fernando António


Como nasceu no dia 13 de Junho, chama-se Fernando António.
(Fernando António Nogueira Pessoa fotografado por Francisco Camacho, na Rua Nova do Almada, em 1888)

sábado, 7 de junho de 2014

Taborda e Isidoro




O Actor Isidoro oferece uma pinha ao grande Taborda. Eram os tempos em que, no Theatro do Gymnasio, famílias inteiras se dependuravam lá do alto do «galinheiro» para gritarem o nome do Taborda, mesmo antes de ele entrar em cena. Muitas vezes, levavam farnel e, se tardava o «quadro» com o actor mais querido de todos, lá arremessavam para o palco mais um osso de frango.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

LONGE DA GUERRA

LISBOA NOS ANOS 40 | LONGE DA GUERRA 
de 
MARINA TAVARES DIAS
Edição de 1998







Ribeirinho e Leonor Maia - a «Tatão» e o «Chico» - despedem-se à porta da Perfumaria da Moda, na Rua do Carmo. O filme é O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro (1941). A perfumaria ardeu totalmente em Agosto de 1988, restando a cantaria da fachada, que hoje serve de janela a uma loja Nespresso. Quebrado o letreiro de vidro pintado a ouro, ficou à vista, lavrada na pedra, a designação francesa inicial, inspirada no romance homónimo de Zola.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Peças do ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS: Albuminas de grande formato.








Manoel da Silva Telhada era comerciante em Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria). Existe uma série de albuminas montadas sobre cartões carimbados, com numeração irregular. A qualidade das fotografias é bastante superior ao habitual. Marina Tavares Dias interessou-se por esta obra ímpar naquela zona do país, investigando, comprando e reunindo todos os exemplares do trabalho de Telhada que encontrou, e que a historiadora data entre 1890 e 1910.

domingo, 1 de junho de 2014

Peças do ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS: os cartões das vistas estereoscópicas.





Verso de cartões das vistas estereoscópicas da famosa Loja 92 (na Rua Nova do Almada e sucursal na Rua do Ouro), também conhecida por Casa dos Chapéus de Chuva. As vistas eram de Lisboa, mas o chic era chamarem-se «Paris».
Para quem não se lembre, recordamos tratar-se da casa que ficou famosa através de enormes campanhas publicitárias com este logótipo «92», em cartazes colados pela cidade de finais do século XIX. Como brindes a clientes certos, mandava fazer os célebres pratos/calendário que ainda hoje aparecem à venda. A Loja 92 ardeu no incêndio do Chiado, em 1988. Durara mais de um século.