Os banhos medicinais do Estoril, em 1888
(gravura da época)
Uma imagem como esta do Estoril – sem arcadas, parque ou casino – parece-nos hoje inacreditável. Aquela que viria a ser a mais elegante praia de 1950 ainda era assim menos de quatro décadas antes. Santo António do Estoril não possui as tradições de Cascais ou do Monte. Localidade praticamente esquecida até 1913, foi para ela que Fausto Cardoso de Figueiredo concebeu de raiz um arranjo urbanístico girando em torno do salão de jogos. A Primeira Grande Guerra atrasou o plano, publicado em livro e amplamente divulgado em 1914. Só no final dos anos 20, com a inauguração da nova estação ferroviária do Cais do Sodré (Lisboa), começou a afluência à nova praia da moda.
Ao longo das décadas seguintes, o Estoril tornou-se destino de férias das elites e morada desejada para reis, príncipes e celebridades em geral. Juan Carlos de Espanha aprendeu a nadar com os banheiros do Tamariz, Humberto II de Itália passeou-se pelo curto areal, o imperador do Japão veio em a lua-de-mel, Carol II da Roménia acabaria por morrer aqui. O Estoril, capa idealizada de folhetos turísticos, primeiro cartaz de veraneio do século XX, foi imaginado de raiz como o paraíso que encontraram. Passado ao papel sob orientação de um sonhador que soube aproveitar o nosso sol.
MARINA TAVARES DIAS
in PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO
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