de
MARINA TAVARES DIAS
(EXCERTO do capítulo «A Outra Banda»)
« [...] Ao longo de todo o século XIX, a Costa de Caparica é quase exclusivamente um extenso areal, pontilhado por casinhotos de madeira onde se abrigam as famílias dos pescadores. Vai-se à Costa provar a caldeirada ou, mais esporadicamente, visitar o vizinho Convento dos Capuchos, de cujas alturas se avista, plana e interminável, a linha sinuosa da orla atlântica.
Essas primeiras cabanas montadas nos areais deverão datar do último quartel de seiscentos, quando algumas famílias algarvias ou ílhavas ali se fixam provisoriamente, nos meses de Verão, para se dedicarem à pesca.
Documentos reunidos por um mestre das artes de pesca (Francisco José da Silva) apontam o ano de 1770 como data das primeiras residências fixas, em barracas certamente maiores, de vários “mestres” com as suas companhas. José Gonçalves Bexiga (algarvio), Joaquim Pedro (de Ílhavo), Romualdo dos Santos (algarvio) e José Rapaz (de Ílhavo): foram eles os primeiros residentes da Costa de Caparica. A primeira construção relativamente elaborada terá sido a igreja local, praticamente no mesmo sítio onde a vemos hoje, inicialmente revestida apenas de colmo e de junco.»
(continua)
aguarela de Roque Gameiro.
Postal ilustrado.
Arquivo Marina Tavares Dias