domingo, 24 de novembro de 2013

O «CHORA»

«A pequena firma de Eduardo Jorge possui lugar aparte na história do trânsito alfacinha. Foi ela a única que, batalhando em tribunal e nas ruas, conseguiu manter décadas a fio, sobre os carris, os seus carritos desengonçados. Mesmo depois de ter aparecido o poderoso e rápido eléctrico. As quezílias com a Carris eram tão frequentes que os jornais começaram a achá-las assunto corriqueiro.

E o povo de Lisboa, sempre desconfiado do poder instituído, corria em massa para o «chora», apoiando a teimosia do proprietário. Eduardo Jorge viu-se aflito com a chegada dos eléctricos, que dificilmente travavam a tempo de não abalroar as suas carruagens, mas rapidamente calculou a solução: passou a espetar-lhes uma espécie de lança, evitando assim a colisão.

Continuou alegremente sobre os trilhos da Carris. Neles se manteve até à Grande Guerra (mais exactamente até 1917), quando a aquisição das mulas por parte do Exército lhe prejudicou irreversivelmente o negócio.»

MARINA TAVARES DIAS 
em HISTÓRIA DO ELÉCTRICO DE LISBOA


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