A Photographia Rocha, Praça da Alegria de Baixo, especializava-se em retratos de actores. [...]
Os lisboetas de agora não podem imaginar como o público de 1870 adorava o Teatro do seu tempo. Eram sessões seguidas, todos os dias. Lotações sempre esgotadas. [...]
Aqui estão os grandes actores Queiroz, Leone, Augusto e, à direita, Brazão. O futuro «grande Senhor» da Companhia Rosas e Brazão, aqui tão jovem, não parece o mesmo Eduardo Brazão de 1900, já coroado de glória.
Parecem todos muito contentes. Tentariam replicar um quadro da peça em cena? - O futuro já não ouve, em surdina, a motivação destas poses. Mas é bom saber que, num dia qualquer, algures entre 1865 e 1870, estes cavalheiros resolveram encenar-se, em conjunto, frente à lente da câmara do Sr. Rocha.
Casa fotográfica que foi demolida para se rasgar a Avenida da Liberdade.
E os teatros onde eles representavam? - Esses, desabaram sob o camartelo municipal, um a um. O empresário trocou de elenco, provavelmente, logo na peça seguinte. E eles, os actores, foram perdendo a juventude quase espampanante aqui exibida. O público foi morrendo, até não restar alguém que os tenha visto em palco. O clamor dos aplausos passou. Outros famosos ocupam o imaginário de outra época. Outros que o público futuro igualmente esquecerá.
Desse tempo, dessa fama, dessa glória, desse quotidiano, desse mundo - ficou esta fotografia.
MARINA TAVARES DIAS
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