PEÇAS CURIOSAS
DO ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS
Na primeira década da segunda metade de Oitocentos, rara seria a família nobre ou burguesa que não tivesse, em cima da mesa da sala, o álbum das fotografias «carte-de-visite». Presume-se que terá sido o fotógrafo Disderi, com atelier em Paris, quem as celebrizou. Há quem diga que as inventou também. Pequenos rectângulos de papel albuminado serviam para captar a luz do negativo. Estas fotografias eram, depois, montadas em cartolinas, geralmente com o nome ou logótipo do fotógrafo na base ou no verso do cartão.
Ainda hoje, aparecem aos milhares, em leilões «on line», em feiras, em qualquer parte onde se vendam papéis velhos.
O que pouca gente saberá é que, ao serem entregues ao cliente (que geralmente encomendava meia ou uma dúzia), vinham em pequenas caixas de cartolina lavrada a quente, com desenhos, pequeno fecho e o nome do fotógrafo. Dessas caixas só sobreviveram aquelas cujas fotografias nunca chegaram a ser dadas a amigos ou parentes.
Aqui está a caixa para
cartes-de-visite da Photographia Universal, na Rua Oriental do Passeio Público,
Lisboa (correspondia ao actual lado oriental da Avenida da Liberdade, rasgada
entre 1879 e 1886). A julgar pelas fotos no interior, deve datar dos anos entre 1865 e 1870.