quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

RECORTES

Pormenor de leque aguarelado representando uma cena à
entrada do desaparecido Passeio Público, onde hoje está 
a Avenida da Liberdade. O Passeio lisboeta foi um dos
primeiros temas abordados na LISBOA DESAPARECIDA




Excerto de uma entrevista de Marina Tavares Dias ao JORNAL DE LETRAS, marcando a primeira década da publicação da LISBOA DESAPARECIDA:



«A "Lisboa Desaparecida" completa a sua primeira década. Pedem-me agora que sobre ela escreva, o que se me afigura tarefa espinhosa: nunca tal fiz, ao longo de todo este tempo.
[.../...]

Naquela época, julguei fácil convencer uma editora a investir nos textos do "Popular" (alguns, entretanto, publicados também no "Expresso"), porque contavam já com o que eu julgava ser um público fiel. Ninguém embandeirou em arco, houve hesitações e recusas até ao dia em que, sentada à minha secretária na Redacção, recebi uma chamada: "Somos uma editora nova e gostamos imenso das suas páginas de Sábado". Meses depois, eu e essa "editora nova" estávamos a lançar o primeiro volume da "Lisboa Desaparecida" no Café Nicola. O resto é sabido.

Passaram 10 anos. Muito pouco daquilo que era o meu estilo desse tempo (aos vinte e poucos anos) permanece. Muito pouco do que foram as motivações iniciais é hoje prioritário. Desapareceu o "Diário Popular" - o seu público fiel onde estará? -, a enorme Redacção em «open-space» (como agora é uso dizer-se) está vazia, o precioso arquivo talvez perdido. O Bairro Alto deixou de ser o bairro dos jornais e os diários vespertinos cumpriram o seu ciclo temporal. Existe hoje em dia, pela primeira vez, uma "Lisboa Desaparecida" onde eu vivi. [...] Em 1987, partia-me a rir dos colegas mais velhos que me chamavam saudosista. Saudosista de quê? - Eu nunca vira os edifícios demolidos sobre os quais escrevia, condenando a destruição da cidade. Era tudo investigação. A mim, ao meu passado, não tinham ainda arrancado nada.»

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