«Acontece com os futebolistas dos primeiros tempos quase o
mesmo que transformou em distantes ecos o nome dos actores de teatro do século XIX. Não existindo qualquer registo visual do seu trabalho, facilmente
foram esquecidos em prole de gerações posteriores cujas «performances»
ganharam, através do cinema ou da televisão, um lugar no imaginário colectivo.
Por isso, talvez não seja surpreendente que as listas elaboradas, em 1999,
sobre os melhores futebolistas portugueses do século XX tenham deixado de fora
praticamente todos os jogadores da primeira metade. Se a este distanciamento
real aliarmos as alterações entretanto introduzidas na própria técnica dos
jogos, perceber-se-á como é hoje difícil avaliar um desempenho de há 75 anos
apenas pela descrição que dele foi feita nas publicações da época.
No entanto,
os ídolos e as lendas do futebol português são quase tão antigos como a
introdução da modalidade entre nós, tendo alguns desses nomes chegado aos
nossos dias. Agora velados por um mistério que a sociedade mediática não pode
explorar, esses pioneiros nacionais fazem parte duma história que apenas os
verdadeiros amantes da modalidade podem compreender bem. Sem o esforço impar
destes homens, o futebol nunca seria, contudo, o desporto de multidões que os
portugueses conhecem, estimam e aplaudem até ao delírio.
Porque, antes dos
ordenados fabulosos, dos contratos internacionais ou mesmo dos estádios
relvados estiveram os dedicados amadores que, muitas vezes à custa da própria
bolsa, andaram de baliza às costas em nome duma colectividade, dum emblema, dum
pequeno grande sonho. Sem campo próprio, sem balneários, sem dinheiro para um
equipamento condigno. Foi assim, durante muitos anos, a maior parte do futebol
que se jogou em Portugal. Este livro é uma homenagem a esses «sportsmen» que, a
seu modo iluminados, viram no futebol o potencial futuro que justificava uma
grande dedicação.»
MARINA TAVARES DIAS, 2000.
Francisco Stromp (1892 – 1930)
Cosme Damião (1885 – 1946)
Artur José Pereira (1891-1943)
-- O livro é dedicado
ao trabalho, à memória e ao legado de:
Cosme Damião (1885 – 1946)
Artur José Pereira (1891-1943)
Francisco Stromp (1892 – 1930) --
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