sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

HERMÍNIA, A CASTIÇA




ilustração do
capítulo «O Fado»,

em LISBOA DESAPARECIDA
de MARINA TAVARES DIAS
volume IV.

Hermínia Silva e António Silva
no filme 
O Costa do Castelo, 
de Arthur Duarte, 1943.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Figuras do FADO

CESÁRIA

MARINA TAVARES DIAS
in LISBOA DESAPARECIDA
volume IV

[....] A Cesária, ou "a mulher de Alcântara", conheceu renome apenas comparável ao da Severa. Ceceiava na pronúncia e não vestia de modo ousado, como a sua congénere. Mas a sua voz era capaz de atear insuspeitas convulsões de paixão. Além do mais, Tinop dixit, tinha "muita livraria": sabia de cór todas as resmas de versos que os cegos apregoavam pela cidade. Ao longo das décadas, muitos fados prestaram homenagem à Cesária. O primeiro, composto por Ambrósio Fernandes da Maia em 1870, chama-se "Fado da Cesária" ou "Fado de Alcântara". Os fadistas míticos acumulam sempre, após a morte, uma espécie de reportório paralelo, inteiramente constituído por fados in memoriam.[......]
(continua)

Na ilustração: A Cesária retratada por Roque Gameiro. 
Imagem adaptada para a capa de um tardio folheto de cordel.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Rir um bom bocado com a Lisboa Misteriosa de Marina Tavares Dias. Começando aqui no blog e acabando no livro


LISBOA MISTERIOSA
de
MARINA TAVARES DIAS

O Alto do Pina tem a mais cobiçada coisa de Lisboa e arredores: Auto-Confiança. Assim mesmo, presumivelmente com reparações mecânicas. Nas Olaias há o Bibijóias e na Morais Soares o Sonho dos Trapos. A freguesia do Sacramento vai ao restaurante do Caçador da Oliveira (espécie selvagem bastante sedentária). O Beato recorre à Electro Montadora de Pereira e Félix (quem electromontará primeiro?). São João de Brito tem o ourives O Meu Sonho. Em São Paulo, a firma Boavida é Ldª, e Alcântara possui um Auto da Silva (quem seria a Sra. Da Silva que chamou ao filho Auto?). [...]Se o pensamento é eléctrico, a memória deverá sê-lo também, como prova a Electro Central da Memória, perto da igreja. A Funerária Milenar, no Bom Sucesso, foi provavelmente responsável pelas exéquias de Tutankamon. Na Avenida 5 de Outubro fica a Pastelaria Bola Cheia (de creme? de ar?) e o Auto Fialho de Almeida, que faria as invejas do escritor, tem sucursais pelos arredores. Nomes de ruas e bairros servem de chacota para os forasteiros, quando aparecem associados ao comércio local. Exemplos: a Flor do Rego ou a Auto-reparadora do mesmo. [.../...]Passando pelo Auto-Baloiço, em Campolide, que pai não pensará «ai que bom se os houvesse»? Também a Auto Calma, de Benfica, convirá a muita gente, pois poupa fortunas em psicanálise. [...]

(continua no capítulo TABULETAS E PUBLICIDADES)


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A alegria da Feira Popular


Vista aérea da Feira Popular de Lisboa (Avenida da República), na década de 1960 e já como a recordam quase todos os alfacinhas. O encerramento do recinto, há alguns anos e ainda envolto em polémica, privou a cidade de um dos seus mais típicos pontos de encontro.
MARINA TAVARES DIAS
in LISBOA DESAPARECIDA
ilustração do capítulo II do volume 9

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O que tem chovido! Toca a «tirar o cavalo da chuva», se fazem favor

Quando o cavalo era um meio de transporte comum, o visitante apeava-se da montada ou da carruagem a que esta servia de tracção. Enquanto não voltava, teria de amarrar o cavalo perto da porta, geralmente à grade da janela ou às argolas que, ainda hoje, podemos ver na fachada dos prédios mais antigos. Amarrá-lo sob a varanda ou fazê-lo entrar na cocheira indica decerto que vamos demorar. «Tirar o cavalo da chuva» seria necessário para que pudéssemos demorar a visita. O anfitrião mais simpático insistiria em que prolonguássemos um pouco mais a visita, ou seja, em que «tirássemos o cavalo da chuva». 
Também quem espera por algo que não vai acontecer tão cedo «pode tirar o cavalo da chuva». Porque a espera está para demorar. [...] 

MARINA TAVARES DIAS
in 
LISBOA MISTERIOSA 
(capítulo «O Mistério das Palavras»)


Senhora em passeio nos arrabaldes.
Gravura inglesa, 1814

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A SANTA E O PANTEÃO

AS OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA
in LISBOA MISTERIOSA de MARINA TAVARES DIAS

«Eis uma tradição que permanece ilesa na fraseologia lisboeta. De tal modo arraigada que certo motorista de táxi me perguntava, recentemente, ao indicar-lhe como destino a Igreja de Santa Engrácia, se a dita não era, de facto, «aquela das obras»? Sem dúvida que é, afiancei, ouvindo logo de seguida: «E onde é que ficam essas obras? – É que Lisboa, agora, está cheia de buracos por todo o lado!» Estará; e Santa Engrácia não é já responsável por qualquer dos ditos. O templo esteve inacabado durante séculos, mas a febre de restauros que emergiu da consolidação da ditadura do Estado Novo pôs cobro à maldição… pregando-lhe com uma cúpula de betão revestido. Já lá vão quase quatro décadas, o que em termos de historiografia da cidade será o mesmo que nada, e já ninguém parece lembrar-se de que a silhueta de Lisboa esteve, até 1966, desprovida deste tão evidente adorno. E é um fartote de rir ver filmes supostamente passados antes disso a esquecerem, de facto, que a panorâmica tomada do Tejo sobre as velhas colinas é, agora, totalmente diversa. Porque acabaram, até ver de vez, as obras de Santa Engrácia.[.../...]» (continua)



Fotografias actuais: ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS

sábado, 22 de fevereiro de 2014

OS GRANDES EDITORES DE BILHETES POSTAIS ILUSTRADOS DO INÍCIO DO SÉCULO XX





FAUSTINO A. MARTINS


Faustino António Martins, filatelista com loja no número 35 da Praça Luís de Camões (fundada em 1867). Por volta de 1900, o seu estabelecimento começou a imprimir e vender postais. As edições apresentam, inscritas, várias designações que a firma teve até cerca de 1918: Faustino A. Martins ou F.A.Martins (desde 1900); Ed. Martins ou Martins Editor (d.1904); Martins & Silva ou M.S. (d. cerca de1907). No "Almanach das Senhoras" para 1915, a firma Martins e Silva ainda anuncia "um sortimento colossal de novidades em bilhetes postais ilustrados a preços baratíssimos".

EM:
OS MELHORES POSTAIS ANTIGOS DE LISBOA
de
MARINA TAVARES DIAS, 1995

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A velha Igreja dos Anjos, demolida há mais de cem anos

Antiga Igreja dos Anjos, demolida em 1907 para passagem da nova Avenida D. Amélia (Almirante Reis). Cantarias, caixotões e talha dourada seriam aproveitadas para o novo templo, construído dois quarteirões acima.

Em: LISBOA DESAPARECIDA de MARINA TAVARES DIAS, volume I, a história da antiga igreja e da paróquia dos Anjos.


A Igreja antiga numa prova fotográfica de Joshua Benoliel.
Onde se vê a curva da Rua dos Anjos corre hoje, e desde 1906,
a Avenida Almirante Reis (outrora Avenida D. Amélia)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O CARMO ANTES DE 1755

«Na manhã do grande terramoto caíram, realmente, o Carmo e a Trindade. Neste último convento celebrava-se, como um pouco por toda a cidade, o dia de Todos-os-Santos. Quatrocentas pessoas assistiam à missa na igreja. O primeiro abalo de terra semeou pânico entre religiosos e fiéis. Em poucos segundos, ouviu-se um ruído ensurdecedor vindo da torre que, desprendida das paredes, ribombou para sul, soterrando as ruas que davam acesso ao Bairro Alto. Morreu quase toda a gente. [...]» (continua em LISBOA DESAPARECIDA de MARINA TAVARES DIAS, volume IV)


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ta-tão, Ta-tão, Ta-tão

Ribeirinho e Leonor Maia - a «Tatão» e o «Chico» - despedem-se à porta da Perfumaria da Moda, na Rua do Carmo. O filme é «O Pai Tirano», de António Lopes Ribeiro (1941). A perfumaria ardeu totalmente em Agosto de 1988, restando a cantaria da fachada, que hoje serve de janela a uma loja Nespresso.

(ver: LISBOA DESAPARECIDA, volume II e LISBOA NOS ANOS 40 | LONGE DA GUERRA, de MARINA TAVARES DIAS)


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 

CAFÉS DE LISBOA

ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte 4

CAFÉS DAS RUAS DA BAIXA

Café Minerva das Sete Portas – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), número 152, gaveto com a Rua de Assunção números 74 - 80. Fundado no início do século XIX, encerrado em 1827. No mesmo local esteve depois o Café Montanha, inaugurado em 1864 e encerrado em 1952.
Café Marrare das Sete Portas – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), desta vez no gaveto com a Rua de Santa Justa. Fundado por António Marrare em 1804 deu, cerca de um século mais tarde, lugar à sala de jantar do Hotel Francfort.

Martinho da Arcada na actualidade. 
Fotografia Arquivo Marina Tavares Dias

Botequim do Nóbrega – Rua do Ouro, 181 a 187. Encerrado antes de 1885. Posteriormente, esteve aqui a Leitaria Áurea-Peninsular até 1922. Edifício demolido nos anos 20.

Café Peninsular – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), 126. Actualmente: Restaurante Paris.

Café-Restaurante Martinho da Arcada – Rua da Prata, gaveto com as arcadas do Terreiro do Paço (Praça do Comércio). Fundado antes de 1782. Em 1989, após obras de remodelação dos interiores, passou a funcionar apenas como restaurante, ficando a área de café reduzida ao espaço das antigas cozinhas e tendo desaparecido a porta para a Rua da Prata.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

«REGINA, REGINA, REGINA. É coisa fina!»

Esta embalagem litografada da primeira série de chocolates da marca REGINA, mostrando Cascais como era nas décadas de 1920 e 1930, é apenas um de dezenas de exemplos congéneres, agrupados ao longo de décadas no 
ARQUIVO MARINA TAVARES


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 

CAFÉS DE LISBOA

ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte 3


CAFÉS DO CHIADO


Café Marrare (conhecido por Marrare do Polimento) – Rua Garrett, 58 a 60 (edifício com os números 54 a 64). Fundado em 1820, estivera anteriormente no antigo número 33 da mesma rua. Encerrado em 1866.
Existiu no mesmo local outro café, o Café Chiado, fundado em 1925, decorado com mobiliário de verga e ostentando vastos painéis de azulejos, representando costumes portugueses e de autoria de Jorge Barradas. Seria encerrado em 1963. Trespassado a uma companhia de seguros - Império - foi o edifício integralmente demolido, assim como todo o quarteirão, cujas traseiras confinam com o Largo do Carmo. Este atentado, nos primeiros dois anos do século XX, foi um dos piores jamais perpetrados sobre vários edifícios históricos da zona. Como que um «segundo incêndio do Chiado», cujas consequências nunca chegaram aos telejornais.


O Café Chiado, cuja configuração interior mantinha as 
características do célebre Marrare do Polimento, 
foi totalmente demolido já no século XXI, 
servindo hoje de corredor de passagem 
para o lado oposto do quarteirão



Café Central – Rua Garrett, 111 a 113.
Encerrado em 1875. Actualmente (e desde 1942): Livraria Sá da Costa. Esta livraria encerrou este ano, encontrando-se o espaço à espera de novo destino.

A Brasileira (conhecida por Brasileira do Chiado, distinguindo-se assim da Brasileira do Rossio) – Rua Garrett, 120 a 122.
Desde 1905. Fachada actual de 1925. Um dos dois cafés lisboetas «clássicos» sobreviventes. O terceiro, Martinho da Arcada, dedica, desde 1989, a sala principal exclusivamente a serviço de refeições.




quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Berço real

MARINA TAVARES DIAS 
em
D. CARLOS | BIOGRAFIA (2007)

«1863

28 de Setembro: à uma e meia da tarde nasce o príncipe D. Carlos Fernando Luiz Maria Victor Miguel Raphael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão, na Sala Verde do Palácio Real da Ajuda, em Lisboa. O pai, D. Luís, foi aclamado Rei de Portugal (por morte do irmão D. Pedro V) menos de dois anos antes. A mãe, Rainha D. Maria Pia, é a filha mais nova do [...] Rei de Itália. O médico obstreta assistente da então tradicional parteira (Narcisa) foi José Eduardo de Magalhães Coutinho.


O futuro Rei D. Carlos, no seu bercinho, 
em «pose» com os pais e com a ama de leite. 
Fotografia de Francisco Gomes, 1863.



29 de Setembro: «Te Deum» solene, na Igreja de S. Domingos, pelo nascimento do príncipe real.

19 de Outubro: O baptismo, feito no paço no dia do nascimento, é oficialmente confirmado na Igreja de S. Domingos, local onde tradicionalmente decorrem as celebrações religiosas da Família Real. A madrinha, por procuração, é a irmã da mãe: princesa Clotilde de Sabóia.»

(EXCERTO DA CRONOLOGIA PESSOAL)


MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 

CAFÉS DE LISBOA

ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte 2




CAFÉS DA PRAÇA D. JOÃO DA CÂMARA (ANTIGO LARGO CAMÕES)


Café La Gare – Praça D. João da Câmara, 5 e 6.
Actualmente: Restaurante Beira Gare.

Café Suisso – Praça D. João da Câmara, 7 a 10.
Inaugurado em 1848. Edifício demolido em 1954.

Café Martinho – Praça D. João da Câmara, 14 a 18.
Inaugurado c. 1846. Encerrado em 1968. A primeira dependência bancária que lhe tomou o lugar, em 1969, pertencia ao Banco do Alentejo, mais tarde integrado na União de Bancos; depois BCP.

(continua)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Vai um chá GRANDELLA?



capa de partitura musical, c. 1906.




MARINA TAVARES DIAS 
em
LISBOA DESAPARECIDA II:
«A História fabulosa de Francisco de Almeida Grandella»

[.../...] A loja com entrada para a Rua do Carmo, andar nobre da casa, ficou dedicada às sedas, às fitas e às rendas -todos os atavios da "toilette" feminina em tempos anteriores ao pronto-a-vestir. Sobre esta área, a zona mais frequentada pelas damas de sociedade, vale a pena registar os louvores publicitários das agendas Grandella: "Entrando pela Rua do Carmo encontra-se a mais importante e mais rica secção do estabelecimento. É a secção de sedas. O seu sortimento proveniente das principais fábricas estrangeiras, eleva-se a algumas centenas de contos de réis. Aqueles castelos de peças, cheias de vida, de finura, de graça, matizadas, vaporosas, estonteantes, dão a esta . secção um tom de grandeza que deslumbra". [.../...]

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014





MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 
CAFÉS DE LISBOA
ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte I

CAFÉS DO ROSSIO


Café Nicola – Rossio (Praça D. Pedro IV), 25.
Desde 1929. O Nicola inicial, de tempo de Bocage, era anterior a 1787, encerrando em 1837.

Botequim das Parras – Rossio (Praça D. Pedro IV), 27 a 29. Fundado antes de 1790, durou até meados do século XIX. Leitaria Luso-Central a partir de 1916. Depois Restaurante e “
Snack-Bar” Pic-Nic e agora de novo com o nome Luso-Central (restaurante), vale a pena ir ver a recuperação da sua bela fachada de 1916.


Café Chave d’Ouro – Rossio (Praça D. Pedro IV), 33 a 38.
Fundado em 1916 e encerrado em 1959, ocupou inicialmente e até 1935 apenas os números 37 e 38. Comprado pelo Banco Nacional Ultramarino, continua a ser dependência bancária.


A Brasileira (conhecida por Brasileira do Rossio, distinguindo-se assim da Brasileira do Chiado) – Rossio (Praça D. Pedro IV), 51 a 53. Fundada em 1911 por Adriano Telles, o dono da Brasileira do Chiado (café este de que falaremos noutro post) e encerrada em 1960. Reabertura temporária, com o tecto original alterado, durante alguns meses de
 1966. Actualmente: BCP-Millenium.


Café Portugal – Rossio (Praça D. Pedro IV), 56 a 58.
1935-1988, funcionando ultimamente como sala de jogos electrónicos. A partir de 1990 esteve no local a «mega-loja» Valentim de Carvalho. Hoje, é uma sapataria.

Botequim do Freitas – Rossio (Praça D. Pedro IV), 64 e 65.
Mais tarde Café do Gelo.
Inaugurado em 1883. Remodelado em 1939 e em 1954. Encerrado em 1991. Ultimamente, com a mesma designação, funcionava como pastelaria e “snack bar”. Mudou para a denominação Abracadabra em 1991, pretendendo-se “fast-food” português. Há poucos anos, retomou a vocação de café e ainda se chama Gelo. Curiosa a disposição interior, em «L», formato original do estabalecimento.


Botequim do Barão – Rossio (Praça D. Pedro IV), 66 a 68.
Depois sucessivamente chamado Café Moreira e Café Europa. Deu lugar a uma livraria no final do século XIX. Actualmente: telefones públicos do Rossio (loja da Portugal Telecom ou, desde esta semana, chamada MEO).


proximamente:
CAFÉS DA PRAÇA D. JOÃO DA CÂMARA 
(ANTIGO LARGO CAMÕES)



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma nota à «HISTÓRIA DO FUTEBOL EM LISBOA» de MARINA TAVARES DIAS

«Acontece com os futebolistas dos primeiros tempos quase o mesmo que transformou em distantes ecos o nome dos actores de teatro do século XIX. Não existindo qualquer registo visual do seu trabalho, facilmente foram esquecidos em prole de gerações posteriores cujas «performances» ganharam, através do cinema ou da televisão, um lugar no imaginário colectivo. 

Por isso, talvez não seja surpreendente que as listas elaboradas, em 1999, sobre os melhores futebolistas portugueses do século XX tenham deixado de fora praticamente todos os jogadores da primeira metade. Se a este distanciamento real aliarmos as alterações entretanto introduzidas na própria técnica dos jogos, perceber-se-á como é hoje difícil avaliar um desempenho de há 75 anos apenas pela descrição que dele foi feita nas publicações da época. 

No entanto, os ídolos e as lendas do futebol português são quase tão antigos como a introdução da modalidade entre nós, tendo alguns desses nomes chegado aos nossos dias. Agora velados por um mistério que a sociedade mediática não pode explorar, esses pioneiros nacionais fazem parte duma história que apenas os verdadeiros amantes da modalidade podem compreender bem. Sem o esforço impar destes homens, o futebol nunca seria, contudo, o desporto de multidões que os portugueses conhecem, estimam e aplaudem até ao delírio. 

Porque, antes dos ordenados fabulosos, dos contratos internacionais ou mesmo dos estádios relvados estiveram os dedicados amadores que, muitas vezes à custa da própria bolsa, andaram de baliza às costas em nome duma colectividade, dum emblema, dum pequeno grande sonho. Sem campo próprio, sem balneários, sem dinheiro para um equipamento condigno. Foi assim, durante muitos anos, a maior parte do futebol que se jogou em Portugal. Este livro é uma homenagem a esses «sportsmen» que, a seu modo iluminados, viram no futebol o potencial futuro que justificava uma grande dedicação.»

MARINA TAVARES DIAS, 2000.

Francisco Stromp (1892 – 1930)

Cosme Damião (1885 – 1946)

                                                    Artur José Pereira (1891-1943)


   --  O livro é dedicado 
ao trabalho, à memória e ao legado de: 
Cosme Damião (1885 – 1946)
Artur José Pereira (1891-1943)
Francisco Stromp (1892 – 1930)  --

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O MUNDO: A demolição da memória de um jornal

Quando, no primeiro quartel de novecentos, a toponímia lisboeta foi alterarada para albergar o nome dos jornais mais importantes da cidade, os títulos homenageados eram os diários de maior tiragem na época: O Século (com sede na Rua Formosa), o Diário de Notícias (na Rua dos Calafates) e O Mundo (na Rua Larga de S. Roque). 

Pois é: a mudança de topónimos tradicionais dá sempre grossa asneira. Mas em nenhum outro caso ficou isso mais evidente. O Diário de Notícias (que saiu da «sua» rua em 1940) e O Século (encerrado em 1977) mantiveram no Bairro Alto nome e topónimo. O Mundo, republicano-progressista, cedo foi apagado da circulação e da toponímia. Conseguiu-se assim o prodígio da «rua com três nomes». Na década de 1980 ainda havia pessoas que chamavam Rua de S. Roque, e outras que chamavam Rua do Mundo à... Rua da Misericórdia

O edifício esteve quase a cair durante décadas. Hoje, recuperado, alberga a Associação 25 de Abril. Do Mundo nada resta. Reparem na fachada. Há um espaço «em branco» entre as varandas. Era lá que, imponente, se erguia o gigantesco globo. Parecia eterno.





sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014



Senha de racionamento utilizada em Lisboa 
durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945). 
Os géneros alimentícios racionados incluíam açúcar, arroz, feijão, sabão, carne, peixe e ovos. Ver mais em:
Lisboa nos Anos 40 - Longe da Guerra©  
de Marina Tavares Dias.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Lá vem o LARMANJAT QUE TEM MUITO QUE CONTAR...

HISTÓRIA DO ELÉCTRICO DA CARRIS
de
MARINA TAVARES DIAS

Edição oficial do centenário, livro de 2001.




A pré-história do carro eléctrico. Ilustração do primeiro capítulo do livro. O Larmanjat, num «galop» dedicado ao Duque de Saldanha. Na inspiradora imagem seleccionada, vemos a capa de uma partitura, com música de M. Marti. Voltaremos em breve à história do Larmanjat, à qual Saldanha também esteve ligado.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

RECORTES

Pormenor de leque aguarelado representando uma cena à
entrada do desaparecido Passeio Público, onde hoje está 
a Avenida da Liberdade. O Passeio lisboeta foi um dos
primeiros temas abordados na LISBOA DESAPARECIDA




Excerto de uma entrevista de Marina Tavares Dias ao JORNAL DE LETRAS, marcando a primeira década da publicação da LISBOA DESAPARECIDA:



«A "Lisboa Desaparecida" completa a sua primeira década. Pedem-me agora que sobre ela escreva, o que se me afigura tarefa espinhosa: nunca tal fiz, ao longo de todo este tempo.
[.../...]

Naquela época, julguei fácil convencer uma editora a investir nos textos do "Popular" (alguns, entretanto, publicados também no "Expresso"), porque contavam já com o que eu julgava ser um público fiel. Ninguém embandeirou em arco, houve hesitações e recusas até ao dia em que, sentada à minha secretária na Redacção, recebi uma chamada: "Somos uma editora nova e gostamos imenso das suas páginas de Sábado". Meses depois, eu e essa "editora nova" estávamos a lançar o primeiro volume da "Lisboa Desaparecida" no Café Nicola. O resto é sabido.

Passaram 10 anos. Muito pouco daquilo que era o meu estilo desse tempo (aos vinte e poucos anos) permanece. Muito pouco do que foram as motivações iniciais é hoje prioritário. Desapareceu o "Diário Popular" - o seu público fiel onde estará? -, a enorme Redacção em «open-space» (como agora é uso dizer-se) está vazia, o precioso arquivo talvez perdido. O Bairro Alto deixou de ser o bairro dos jornais e os diários vespertinos cumpriram o seu ciclo temporal. Existe hoje em dia, pela primeira vez, uma "Lisboa Desaparecida" onde eu vivi. [...] Em 1987, partia-me a rir dos colegas mais velhos que me chamavam saudosista. Saudosista de quê? - Eu nunca vira os edifícios demolidos sobre os quais escrevia, condenando a destruição da cidade. Era tudo investigação. A mim, ao meu passado, não tinham ainda arrancado nada.»

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

BENOLIEL coleccionador de postais ilustrados

O fotógrafo Joshua Benoliel, cujo espólio fotográfico sobrevivente é o mais importante do início do século XX português, foi um ávido coleccionador de bilhetes postais ilustrados

Aproveitava os exemplares que editores para quem trabalhava lhe davam, impressos em fototipia a partir de cada fotografia sua por eles comprada. Com esses postais, estabeleceu uma verdadeira rede de correspondência entre Portugal e vários países europeus. Preferia os correspondentes franceses. Ao longo de décadas, a olisipógrafa MARINA TAVARES DIAS frequentou todas as feiras de postais ilustrados antigos, em França, Bélgica, Reino Unido, Espanha e Itália. A frequência com que, após horas de buscas entre centenas de milhares de exemplares portugueses, encontrou a assinatura de Benoliel em «carte pour exchange» («postal para troca») permitiu-lhe descobrir uma faceta do famoso fotógrafo totalmente desconhecida até hoje, neste blog.

Aqui a revela, através de testemunho directo, pela primeira vez. Pronto: já podem começar a copiar a informação. LOL






(texto de João M. Sousa, 
ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ajude o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS a chegar ao seu público: todos os que precisam dele.



Com uma pequena contribuição, mesmo que de apenas 50 cêntimos ou um euro, pode estar a ajudar a organizar o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.



Ferro-velho de Manoel de Macedo no Álbum dos Costumes Portuguezes

Com uma pequena contribuição, mesmo que de apenas 50 cêntimos ou um euro, pode estar a ajudar a organizar o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.

Precisamos de tudo: digitalizações; organização temática (são cerca de 40 mil peças); cópia de fichas antigas; sistematização dos documentos por tema e por suporte; história de casas, ruas ou bairros específicos disponíveis para consulta imediata; instalações próprias; etc., etc., etc.

O nosso sonho é ter o arquivo «on line» para todos os investigadores, e aberto ao público para todos os que dele necessitem. Mas temos um longo caminho a percorrer. Nunca recebemos qualquer apoio ou agradecimento por parte da Câmara Municipal de Lisboa ou de qualquer outra entidade. Em nome da independência que nos caracteriza, também nunca o pedimos.

Através do Paypal, a mais fácil forma de enviar dinheiro do mundo, você pode fazer a diferença! Em total segurança e sem partilha de dados. 


Mesmo que não siga o link que diz «donate», pode ir ao site do Paypal e enviar o que quiser para o nosso endereço electrónico. É tudo aquilo de que necessita.

Bem haja!



lisboadesaparecida@gmail.com

www.paypal.com









BENFICA E O RETIRO FERRO DE ENGOMAR




POR
MARINA TAVARES DIAS

em
LISBOA DESAPARECIDA
(excertos)



«A partir da Quinta das Laranjeiras, a estrada multiplicava-se em edifícios nobres [...] na longa cadeia de jardins e pomares que povoavam o vale de Benfica.»

[...]

«À direita, quase fronteiro ao gradeamento da propriedade do conde de Farrobo, ficava o Convento de Santo António da Convalescença - fundado em 1640 e pertencente aos frades capuchinhos. O edifício foi comprado, após a extinção das ordens, por João Gomes da Costa, que o transformou em casa de campo. »
[...]

«Do mesmo lado da estrada, as quintas maiores e mais conhecidas eram as do Lodi (com uma ermida neo-gótica), do Moller (onde João da Silva Carvalho inaugurou, em 1860, um gabinete fotográfico), a do Soeiro, e, a caminho do Calhariz, a Alfarrobeira, onde se instalou o Hospício de Santa Isabel. »

[...]


Um almoço no Retiro Ferro de Engomar em 1940


[...]
«Antes do desvio para o lugar do Calhariz, existiu - e existe ainda - um dos mais famosos retiros dos arredores: o Ferro de Engomar. O edifício original, de meados do século XIX, possuía o característico pátio com latadas. Na sala de jantar, com a configuração de um ferro de engomar (daí o nome celebrizado), cabiam 300 convivas.»
[...]

«Manuel Inácio, proprietário, beirão natural de Avô, [....] lembrava-se bem do tempo das patuscadas nos arredores, quando o número do telefone que mandou instalar era o 82. [...] e falou-nos do tempo em que um eléctrico parado a meio da Estrada de Benfica (enquanto o guardo-freio vinha "matar o bicho" ao Ferro de Engomar) não incomodava ninguém.»
[...]

«Demolido em 1953, o antigo Retiro do Ferro de Engomar foi substituído por prédios novos. Mas o restaurante subsiste, no mesmo local (ocupando o andar térreo de dois edifícios), conservando o seu "espírito" e as suas especialidades gastronómicas.»