segunda-feira, 17 de março de 2014

A LENDA DA SEVERA

A Severa num estudo 
incompleto de Alberto
de Souza, inspirado na figura
de Palmira Torres no papel
da peça homónima de Júlio Dantas.
A verdadeira Maria Severa nada
teria a ver com estas romanceadas versões
de chinela de verniz a saiotes encarnados



[...] Por volta de 1845, batia-se o fado por tudo quanto era lugar de boémia, desde a Calçada de Carriche até aos botes do Tejo, passando pelas tabernas do Bairro Alto e pelas vielas da Mouraria. Ouviam-se guitarradas no Arco do Cego e na Madre de Deus, no Lumiar e nas Laranjeiras, no Quebra-Bilhas do Campo Grande e na praça de touros do Campo de Santana. 

Nas esperas de gado, nas hortas, nos prostíbulos e nos palácios. Tudo terreno lavrado e sequioso para semear uma tradição e para erguer uma lenda. Assim sucedeu. Enquanto o marquês de Castello-Melhor, o conde de Anadia ou o conde de Vimioso organizavam serões onde punham a nobreza a par da terminologia fadista, a Lisboa da rua, a Lisboa popular ia sedimentando os futuros mitos. O primeiro de todos, heroína digna de romance de cordel, rouxinol da Mouraria, prostituta recebida pelos nobres, foi Maria Severa Onofriana.[...]
MARINA TAVARES DIAS
Continua na LISBOA DESAPARECIDA,
volume IV

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