terça-feira, 11 de março de 2014

Martim Moniz no Socorro

MARINA TAVARES DIAS
(texto e fotografias)
in
LISBOA MISTERIOSA




O gomo mais suculento desta laranja de vento é decerto o facto de que a inexistência de Dom Martim, personagem perpetuada pela tradição oral, literária e toponímica, também não pode ser exactamente provada. 

Teremos sempre, na primeira história da Lisboa cristã, o mito agarrado ao leme do tempo. Para mal dos pecados da imaginação, querem os deuses que tal leme não saiba tornar atrás. Só uma descoberta nova, agora altamente improvável, de manuscritos antigos referentes à tomada de Lisboa poderia repor Martim Moniz no caminho da historiografia mais séria. 

Assim sendo, Dom Martim continuará entalado entre a cidade real e a cidade imaginada. Lugar perfeito para qualquer herói, de Orfeu a Páris, de Ulisses ao Encoberto, das passadas estampas ao futuro continuado dos filmes históricos. 

Um herói à medida de qualquer lugar ou ocasião. Existindo, sim, mas sem identidade definitiva. Existindo, sim, mas devagar…

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