sábado, 21 de dezembro de 2019

PELO MEIO DA RUA

Marina Tavares Dias 
em 
Photographias de Lisboa:

[... ] a Avenida descia-se a pé sobre terra batida, para ir levar a roupa lavada às casas burguesas da Baixa. Os quarteirões entre a Rua das Pretas e a Rotunda são todos posteriores ao desaparecimento do Passeio Público. O palacete nº 226, em estilo neo-árabe, foi mandado construir no início do século XX pelo industrial de bolachas Conceição Silva (projecto de 1888 do arquitecto Henri Lusseau). Nesta foto de Bobone, publicada a 9 de Julho de 1906, a casa aparece em fase de obras. Dos edifícios circundantes, seus contemporâneos, pouca coisa resta.



domingo, 15 de dezembro de 2019

ALVALADE

«O plano de urbanização do Sítio de Alvalade, futuro bairro do mesmo nome, compreendia a área trapesoidal de cerca de 230 hectares limitada a norte pela Avenida do Brasil (denominada Alferes Malheiro na década de 40), a nascente pela futura Avenida do Aeroporto, a sul pelos terrenos confinantes com a Avenida Almirante Reis e a poente pelo Campo Grande e pela antiga Estrada de Entrecampos. O novo bairro, planeado no final da década de 30 e inaugurado na segunda metade da de 40, pretendia-se estampa ideal da nova cidade. O projecto é do primeiro urbanista português diplomado em Paris: Faria da Costa.»

MARINA TAVARES DIAS
em LISBOA NOS ANOS 40 - LONGE DA GUERRA

sábado, 14 de dezembro de 2019

O Americano da Carris






PHOTOGRAPHIAS DE LISBOA
de Marina Tavares Dias
O AMERICANO

O carro Americano. A 18 de Novembro de 1873, dizia o "Diário de Notícias" que ele era "um meio de viação seguro, cómodo e barato". Foi também o mais sério concorrente dos seus congéneres carros do Jacintho, do Salazar e do Eduardo Jorge. Antes de, em 1901, serem todos destronados pelo novo carro eléctrico. Ao fundo do Rossio, no gaveto com a Rua Augusta (números 284-286), instalar-se-ia em 1909 o Hotel Internacional [continua no livro].

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

FADO –  SONGS ABOUT FATE



Pois é: ficámos surpreendidos ao verificar que quase metade dos nossos leitores moram nos Estados Unidos ou usam servidores ali alojados, Como esse dia coincide com aquele em que um deles muito gentilmente pede um «gravura antiga ligada ao Fado» (todas as gravuras antigas estão ligadas ao fado de alguém, diria aqui Pessoa... talvez).

Bem, aqui está a dupla desenhada por Joubert em 1825 e publicada em gravura nesse mesmo ano. Agora,


excuse us...


FADO – THE SONGS ABOUT FATE

«The fado was born one day/ When hardly a breeze was whispering/ And the sea merged into the sky/ In the tacking of a sailing ship/ In the breast of a sailor-boy/ Who was singing in his melancholy» – so goes the poem written by José Régio and sung by Amália Rodrigues. The real origins of Lisbon’s traditional song are probably much more recent than the era of the Discoveries. There is no written record of the fado before the 19th century. Its melody, which is thought to be the successor of the «lundum» danced by black slaves in Brazil, follows a four-line stanza where each line has a 10-syllable count. But aboveall, it reflects a state of spirit, sad and nostalgic, that Lisbon has made its own. During the 19th century, the fado (the song about fate) was sung all over Lisbon, from Calçada de Carriche to the flat-bottomed boats of the River Tagus, through the taverns of Bairro Alto and the narrow streets of Mouraria. The poignant plucking of guitars was heard in Arco do Cego and in Madre de Deus, in Lumiar and in Laranjeiras, in the Quebra-Bilhas tavern and in the bullring at Campo de Santana. The fado was sung markets, in brothels and in palaces.»


LISBOA/LISBON/LISBONNE/LISSABON - A sua história para os turistas / for the tourist who loves History, book by MARINA TAVARES DIAS, 1992.


lithograph by Joubert, 1825

Text by #ArquivoMarinaTavaresDias 





quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Paraíso de Lisboa, na Rua da Palma

Photographias de Lisboa
de
Marina Tavares Dias

PARAÍSO
em plena Lisboa, numa recriação imaginativa dos afamados "bals" parisienses (também eles hoje demolidos). Chamava-se precisamente Paraizo de Lisboa, este recinto ornado de pequenas muralhas, com "promenade" ao ar livre, labirinto de espelhos e um palco arte-nova instalado sobre... um lago. A área - amplo espaço da Rua da Palma, entre o Real Colyseu e o Palácio Folgosa - acabou por ser urbanizada na década de 20. Todos estes terrenos pertenciam ainda, em 1900, ao património da Casa de Folgosa. 
[continua no livro]

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A QUINTA DA RABICHA



MARINA TAVARES DIASem
LISBOA DESAPARECIDAcapítulo sobre Campolide:


«A Quinta da Rabicha foi refúgio de ânimos e cenário de patuscadas de boa memória. Júlio Cezar Machado narra um desses festins na segunda parte dos "Apontamentos de um Folhetinista". Numa arejada manhã de 1860, assim raiava o sol, seguiu para a Rabicha o grupo de peso: Ramalho Ortigão, Antero de Quental, Jaime Batalha Reis, Alberto de Queiroz, João Burnay, Oliveira Martins e o próprio Machadinho. Iam "compor uma caldeirada em seis cantos"; um por cada talher (apenas João Burnay tinha mandado vir - de padiola - um rosbife).»


#lisboadesaparecida 




(continua no livro)
Iconografia: 
Ribeira de Alcântara
 no vale de Campolide,
fotografia de Paulo Guedes, c. 1904

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

BAIRRO ALTO: a «casa» dos grandes jornais

Marina Tavares Dias 

subindo a escadaria do DIÁRIO DE LISBOA  


                                                        Fotografia de Rodrigues da Silva, 1988.


'[.../...] Quinta-feira, 7 de Abril de 1921. O "Diário de Lisboa" começa a publicação, provisoriamente instalado no número 90 da Rua do Carmo. As janelas abrem-se sobre requintes do comércio mais luxuoso, mas o velho segundo andar deste prédio pombalino ainda se assemelha pouco a uma Redacção: os quartos são acanhados, o acesso à rua é feito por escada íngreme de degraus carunchosos. De noite, os ratos cruzam-se por baixo das bancas dos redactores e sobre a "mesa da estiva" onde, ao centro da sala mais larga, são revistas as provas tipográficas.

Almada Negreiros tem estirador nessa sala. Para o primeiro número do jornal, traça a tinta da china o destino adivinhado dum vespertino de vanguarda. São esboços da vida contemporânea: carros eléctricos, mulheres de saia curta em plena Baixa, luvarias da moda, casas de chapéus. António Ferro escreve um poema sobre essas ilustrações. Ao alto da terceira página, em título garrafal, como um segundo logotipo, manda compôr: "Rua do Oiro". (...) Almada e Ferro assinam, juntos, uma opção do próprio fundador, Joaquim Manso: falar da modernidade, divulgar a poesia, dar emprego aos ilustradores e privilegiar temáticas olisiponenses. Serão presença constante no "DL" de Joaquim Manso e Alfredo Vieira Pinto.

Almada "muda-se" com o jornal, para a Rua Luz Soriano número 44, em 1923. [.../...]
(...) Na sala ampla e arejada do primeiro andar, às mesas de trabalho sentam-se, frente a frente, Rodrigues Pereira e Stuart Carvalhaes, Thomaz Ribeiro Colaço e Pedro Bordallo Pinheiro, Ferro e Álvaro de Andrade, Norberto Lopes e António Carneiro, Artur Portela e Sarmento Duque, Carmen Marques e Vasconcellos e Sá, Miguel Martins e Sá Pereira.'


MARINA TAVARES DIAS 
(excerto inicial da história do DIÁRIO DE LISBOA. Adaptado para o blog)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

CAFÉ NICOLA





«A fachada de Norte Júnior (1929) e os interiores de Raul Tojal (1935) fazem hoje do Nicola um dos estabelecimentos lisboetas de obrigatória visita turística. Pelas paredes, telas de Fernando dos Santos recordam episódios duma era esquecida: o Rossio de 1800, os improvisos de Bocage, as poses de José Agostinho de Macedo, as candeias a óleo de peixe, os soldados franceses de bicórnio, os frades embuçados. Uma das cenas retratadas não poderia deixar de ser a história que ficou como símbolo máximo da jovialidade de Bocage. Uma história repetida na tradição oral e, mais tarde, pelas inúmeras descrições romanceadas da vida do poeta. Interpelado pela polícia, no Rossio, sobre quem era, de onde vinha e para onde ia, Bocage terá respondido em verso, mais ou menos assim: “Eu sou o Bocage / Venho do Nicola / Vou p’ró outro mundo / Se dispara a pistola”.»

Os Cafés de Lisboa de Marina Tavares Dias
Fotografia de Marina Tavares Dias

domingo, 8 de dezembro de 2019

OS CARROS AMERICANOS, 

ANTECESSORES DOS ELÉCTRICOS

O AMERICANO DA CARRIS

A cidade que assistiu à inauguração das carreiras de «americanos» não estava particularmente confiante nas virtudes dos transportes públicos. Os exemplos anteriores tinham habituado todos a vicissitudes então consideradas insuperáveis. Desde o horário desregrado dos #ónibus, passando pelo asseio duvidoso dos #charabãs, até às tarifas oportunistas dos #trens de aluguer, havia uma longa genealogia de desconfianças e de queixas.

Mesmo assim, os jornais não pouparam elogios a um transporte considerado revolucionário, que tinha provado as suas virtudes em cidades estrangeiras (também o Porto já possuía «americanos» desde o dia 15 de Maio de #1872). Em breve, os lisboetas reconheceriam as diferenças do novo sistema de transporte, chegando a considerá-lo como o verdadeiro messias do trânsito alfacinha. Bairros houve em que tal progresso foi saudado com flores para enfeitar os carros e fardas de luxo oferecidas aos #cocheiros. O «Diário de Notícias» de 18 de Novembro de 1873 noticia deste modo a inauguração das carreiras:

 «Ficou ontem aberta à circulação a primeira secção de linha de carruagens sobre carris de ferro, pelo sistema americano, em Lisboa, compreendida entre a estação de linha férrea do norte e leste e o extremo oeste do Aterro da Boa Vista. Ficou portanto definitivamente estabelecido na cidade mais um meio de viação, seguro, cómodo e barato que há-de ser o início de maior desenvolvimento e aperfeiçoamento dos veículos de transporte na capital […]. Quando se aproximava a hora de partirem do extremo dessa secção da linha as carruagens com os convidados da empresa dos Carris de Ferro de Lisboa, e as pessoas que em outras eram admitidas, o povo cheio de alegria e curiosidade  formava alas em todo o trajecto da linha, para saudar amoravelmente o novo progresso que passava.

A estação principal da linha e largo em frente estavam embandeirados e ornamentados de arcos e grinaldas, de verdura e de emblemas nacionais! Uma linha de 32 carruagens […] estava postada sobre os ‘rails’ com os seus cocheiros e condutores singelamente uniformizados e postos sobre as plataformas, e os seus magníficos tiros de cavalos e muares perfeitamente arreados com as testeiras das cabeçadas ornadas de rosetas azuis e brancas [as cores da bandeira nacional do tempo da Monarquia]. Vinte e quatro dessas carruagens eram fechadas e oito abertas, destinadas aos fumistas.»

[Exemplar existente no Museu da Carris]

#MarinaTavaresDias 
#Historia da #Carris

sábado, 7 de dezembro de 2019

DO ROMANTISMO À BELLE ÉPOQUE




ou


 

do PASSEIO PÚBLICO à AVENIDA DA LIBERDADE




Logo a seguir ao terramoto de 1755, o Marquês de Pombal pensa dotar a cidade de um grande jardim público, onde os lisboetas possam conviver entre si. Novo "passeio" será construído a norte do Rossio, em terrenos conquistados a campos praticamente arrabaldinos. Em breve será o mais apreciado lugar de Lisboa, atingindo o grande objectivo do próprio Pombal: amalgamar classes sociais, fazendo despontar nova elite entre a burguesia emergente.

No início do século XIX, o Passeio é restaurado e favorecido com novo gradeamento e novos portões. O Romantismo é a sua grande época. Entra na moda das elites, conhecendo mesmo todos os membros da família real, que por aqui se passeiam, entre burgueses e pobres de pedir, sem medo das multidões.

Entre 1879 e 1886, a Câmara de Lisboa projecta e leva a cabo a demolição do Passeio, para construção Avenida da Liberdade. Ficou sendo a primeira avenida lisboeta, ao estilo de boulevardfrancês, ladeada de construções que marcaram época. E das quais igualmente pouco resta.
A principal avenida de Lisboa é hoje, apesar da presença das lojas de grandes multinacionais da moda, uma auto-estrada.



#MARINATAVARESDIAS
Nos muitos volumes 
da
 LISBOA DESAPARECIDA 
de 
MARINA TAVARES DIAS
um capítulo sobre o Passeio, 
e vários sobe a Avenida.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

LISBOA DESAPARECIDA


de


MARINA TAVARES DIAS


- o livro para todos os Natais


Uma viagem no espaço e no tempo, visita guiada a uma outra cidade pelo saber rigoroso e apaixonado da olisipógrafa #MarinaTavaresDias.

#Lisboa Desaparecida constitui, desde 1987, o maior fenómeno contemporâneo da história da olisipografia. Com um total de mais de 100 mil exemplares vendidos, tem levado a história da cidade até públicos que, antes, nunca dela se abeiraram.

Na época do seu aparecimento, as edições dedicadas a #Lisboa eram escassas e pouco rigorosas. Hoje, mercê deste sucesso, muitos títulos antigos foram reeditados e inúmeros novos estudos ocupam as estantes das livrarias.

A tudo isto não é alheio o método utilizado pela autora, que recupera o estilo de certas crónicas oitocentistas, apoiando-o na pesquisa a partir das fontes e numa recolha iconográfica apenas possível graças a anos de investigação.

Os novos horizontes abertos pela #Lisboa Desaparecida têm permitido aos lisboetas um olhar mais atento sobre a sua cidade e sobre o património não-monumental cujo destino, muitas vezes, depende também de uma opinião pública bem informada.


Colecção completa à venda na loja #AVIDAPORTUGUESA, no Largo do #Intendente e na Rua da #Anchieta.




Na imagem: o Arco de Santo André já desapareceu. Mas a sua história pode ser lida na íntegra no volume II da #LISBOADESAPARECIDA. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

AS FRANCESINHAS

Foram as freiras francesas que acompanharam Maria Francisca de Sabóia, futura rainha de Portugal, quem fundou o Mosteiro do Santíssimo Crucifixo. Apesar do nome oficial, o templo seria sempre conhecido por Convento das Francesinhas. Demolido no final da década de 1920, situava-se no espaço hoje ajardinado que marca o início da Calçada da Estrela[.../...]

Lisboa Antes e Agora
de 
Marina Tavares Dias

#marinatavaresdias 
#lisboa 


sábado, 18 de maio de 2019

Rua Áurea



Aspectos da Rua do Ouro.O levantamento de todos os edifícios,  e respectivas ocupações  comerciais ao longo de dois séculos, foi feito por #MarinaTavaresDias para o volume V da #LisboaDesaparecida.