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sábado, 22 de março de 2014

Mil aventuras, mil decisões antes de um livro de Marina Tavares Dias chegar às livrarias

TAKE MCCCXXVIII

O livro está pronto quando está escrito.

Mas falta o resto.
O resto é como preparar um filme. A única coisa em consenso, à partida, é o guião: textos, temas que versam, legendas que se pretendem para fotografias que ilustrarão a prosa.

Depois, investigam-se milhares de fotografias em dezenas de arquivos e colecções. Há que percorrer o Arquivo MTD em busca de mais de três quartos das que serão escolhidas. Há que alinhar capítulos de modo coeso (cronológico? temático? topográfico?), escolher o «design» da paginação, do pormenor das capitulares à opção dos versaletes. Depois, verificar tudo com atenção. Linhas viúvas? Linhas órfãs? Dentes de cavalo? Teclas batidas a dobrar em algum dos espaços? Entrelinhamento certo? Passível de «aconchegar» sem que se detecte a olho nu?

E o formato?
E a gramagem do papel?
E a opção pelo tipo de capa?
E, e, e, e????
São mais mil e uma coisas, até ao corte final da guilhotina que dá forma aos cadernos.

Mas esqueçam, caros leitores.

Vejam apenas um exemplo.

Fácil.

Agradável.

Quantas versões de capa ficam para trás?
Aqui estão algumas das
LISBOA MISTERIOSA de MARINA TAVARES DIAS
que não passaram o crivo final. A primeira seria a preferida pela Autora.

Querem ver como ficou?
- Os últimos exemplares da segunda edição ainda estão em qualquer livraria...






sexta-feira, 21 de março de 2014

VENDEDORES E PREGÕES




No início do século XX, os vendedores ambulantes pululam nas ruas da capital, pregoando quase tudo o que é necessário ao quotidiano doméstico: água, leite, peixe, fruta, vegetais, enchidos, azeite, petróleo, carvão, camisas, sapatos, facas, vasos, cadeiras ou “abat-jours”. 

As favas vendem-se já cozinhadas em caldo (“fava-rica”), o amolador também conserta chapéus-de-chuva, os garotos mercam palitos e meninas fazem flores para os chapéus. Alguns ficarão célebres, como o gorjeio dos rapazes dos jornais: “Século-Nooootícias!”. 

Ou o grito mais repetido pelas ruas, o das varinas: «Viva da Costa!» Apesar do folclore alusivo e dos poemas que as louvaminham, as peixeiras da capital vivem realidade muito menos poética, passando a madrugada no cais a descarregar carvão e depois o dia a pregoar pelas ruas todo o peixe que se come às mesas de Lisboa. À noite, de regresso a casa, embalam os filhos nas mesmas canastas, sempre com o cheiro intenso do peixe.

MARINA TAVARES DIAS
LISBOA DESAPARECIDA

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Rir um bom bocado com a Lisboa Misteriosa de Marina Tavares Dias. Começando aqui no blog e acabando no livro


LISBOA MISTERIOSA
de
MARINA TAVARES DIAS

O Alto do Pina tem a mais cobiçada coisa de Lisboa e arredores: Auto-Confiança. Assim mesmo, presumivelmente com reparações mecânicas. Nas Olaias há o Bibijóias e na Morais Soares o Sonho dos Trapos. A freguesia do Sacramento vai ao restaurante do Caçador da Oliveira (espécie selvagem bastante sedentária). O Beato recorre à Electro Montadora de Pereira e Félix (quem electromontará primeiro?). São João de Brito tem o ourives O Meu Sonho. Em São Paulo, a firma Boavida é Ldª, e Alcântara possui um Auto da Silva (quem seria a Sra. Da Silva que chamou ao filho Auto?). [...]Se o pensamento é eléctrico, a memória deverá sê-lo também, como prova a Electro Central da Memória, perto da igreja. A Funerária Milenar, no Bom Sucesso, foi provavelmente responsável pelas exéquias de Tutankamon. Na Avenida 5 de Outubro fica a Pastelaria Bola Cheia (de creme? de ar?) e o Auto Fialho de Almeida, que faria as invejas do escritor, tem sucursais pelos arredores. Nomes de ruas e bairros servem de chacota para os forasteiros, quando aparecem associados ao comércio local. Exemplos: a Flor do Rego ou a Auto-reparadora do mesmo. [.../...]Passando pelo Auto-Baloiço, em Campolide, que pai não pensará «ai que bom se os houvesse»? Também a Auto Calma, de Benfica, convirá a muita gente, pois poupa fortunas em psicanálise. [...]

(continua no capítulo TABULETAS E PUBLICIDADES)


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O que tem chovido! Toca a «tirar o cavalo da chuva», se fazem favor

Quando o cavalo era um meio de transporte comum, o visitante apeava-se da montada ou da carruagem a que esta servia de tracção. Enquanto não voltava, teria de amarrar o cavalo perto da porta, geralmente à grade da janela ou às argolas que, ainda hoje, podemos ver na fachada dos prédios mais antigos. Amarrá-lo sob a varanda ou fazê-lo entrar na cocheira indica decerto que vamos demorar. «Tirar o cavalo da chuva» seria necessário para que pudéssemos demorar a visita. O anfitrião mais simpático insistiria em que prolonguássemos um pouco mais a visita, ou seja, em que «tirássemos o cavalo da chuva». 
Também quem espera por algo que não vai acontecer tão cedo «pode tirar o cavalo da chuva». Porque a espera está para demorar. [...] 

MARINA TAVARES DIAS
in 
LISBOA MISTERIOSA 
(capítulo «O Mistério das Palavras»)


Senhora em passeio nos arrabaldes.
Gravura inglesa, 1814

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A SANTA E O PANTEÃO

AS OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA
in LISBOA MISTERIOSA de MARINA TAVARES DIAS

«Eis uma tradição que permanece ilesa na fraseologia lisboeta. De tal modo arraigada que certo motorista de táxi me perguntava, recentemente, ao indicar-lhe como destino a Igreja de Santa Engrácia, se a dita não era, de facto, «aquela das obras»? Sem dúvida que é, afiancei, ouvindo logo de seguida: «E onde é que ficam essas obras? – É que Lisboa, agora, está cheia de buracos por todo o lado!» Estará; e Santa Engrácia não é já responsável por qualquer dos ditos. O templo esteve inacabado durante séculos, mas a febre de restauros que emergiu da consolidação da ditadura do Estado Novo pôs cobro à maldição… pregando-lhe com uma cúpula de betão revestido. Já lá vão quase quatro décadas, o que em termos de historiografia da cidade será o mesmo que nada, e já ninguém parece lembrar-se de que a silhueta de Lisboa esteve, até 1966, desprovida deste tão evidente adorno. E é um fartote de rir ver filmes supostamente passados antes disso a esquecerem, de facto, que a panorâmica tomada do Tejo sobre as velhas colinas é, agora, totalmente diversa. Porque acabaram, até ver de vez, as obras de Santa Engrácia.[.../...]» (continua)



Fotografias actuais: ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

LER +, LER MELHOR, na RTP, com MARINA TAVARES DIAS

LISBOA MISTERIOSA por MARINA TAVARES DIAS

À mesa do Café Nicola, no Rossio, a  Olisipógrafa explica à jornalista Teresa Sampaio, do programa LER MAIS LER MELHOR, alguns dos seus fascinantes textos sobre Lisboa.



https://www.youtube.com/watch?v=Z6REZWK7Mbk

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ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS em organização.

Trabalho voluntário de uma equipa de 3 pessoas. A Câmara Municipal de Lisboa nunca apoiou o trabalho da olisipógrafa Marina Tavares Dias com um cêntimo ou com um elogio. Estamos a tentar organizar o arquivo para complementar o serviço público que, há mais de 25 anos, Marina Tavares Dias realiza, através da sua investigação e da publicação de dezenas de livros célebres.

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