quarta-feira, 2 de abril de 2014
Ouro é na ourivesaria. E a rua chama-se Áurea
Há quem trate como «exportação» as toneladas de ouro que saíram de Portugal na última década, através das peças desfeitas, desmanchadas, destruídas para fazer barras de ouro a peso. Não louvo o discernimento de quem o faz.
A venda de ouro a peso é responsável pela destruição de verdadeiras obras-primas da filigrana e da mão-de-obra portuguesa, numa época em que cada miniatura, cada medalha gravada, resumia o estilo e o talento do ourives que a fabricava. Torres de Belém em miniatura, medalhas com gravações de todo o tipo de votos e oferendas, pequenos anjos, peixeiras de Lisboa, diminutas réplicas da Torre dos Clérigos ou da torre da Universidade de Coimbra. Havia a malha batida de modo especial por cada artesão, a malha torcida, a malha «corrente», etc., etc., etc.
Tudo isso tem sido derretido como «peças que você já não usa», porque o ouro em barra é que vale como moeda de troca.
Agora que o mercado aurífico está em queda, algumas das lojas de «ouro a peso» estão a fechar à mesma velocidade com que abriram portas. Por isso, talvez seja altura de deixar aqui uma pequena filigrana de papel da década de 1930. Se quer defender a nossa ourivesaria tradicional, os nossos artífices, as nossas peças, não veja o ouro como batata a peso. Para «valores» meramente monetários, existem numismatas, onde pode comprar libras de ouro à cotação do dia.
Ouro português é na ourivesaria. E a rua dos ourives do ouro é, assim determinou o Marquês de Pombal, a Rua Áurea. Vale a pena uma visita.
MARINA TAVARES DIAS
LISBOA DESAPARECIDA
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Meus pais foram os primeiros a me falar da Rua Áurea. E foi um dos lugares em que visitei assim que cheguei em Lisboa pela primeira vez. Adoro este blog!
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