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sábado, 25 de abril de 2015

A COSTA DE CAPARICA

LISBOA DESAPARECIDA
de 
MARINA TAVARES DIAS

(EXCERTO do capítulo «A Outra Banda»)

« [...] Ao longo de todo o século XIX, a Costa de Caparica é quase exclusivamente um extenso areal, pontilhado por casinhotos de madeira onde se abrigam as famílias dos pescadores. Vai-se à Costa provar a caldeirada ou, mais esporadicamente, visitar o vizinho Convento dos Capuchos, de cujas alturas se avista, plana e interminável, a linha sinuosa da orla atlântica.
Essas primeiras cabanas montadas nos areais deverão datar do último quartel de seiscentos, quando algumas famílias algarvias ou ílhavas ali se fixam provisoriamente, nos meses de Verão, para se dedicarem à pesca.

Documentos reunidos por um mestre das artes de pesca (Francisco José da Silva) apontam o ano de 1770 como data das primeiras residências fixas, em barracas certamente maiores, de vários “mestres” com as suas companhas. José Gonçalves Bexiga (algarvio), Joaquim Pedro (de Ílhavo), Romualdo dos Santos (algarvio) e José Rapaz (de Ílhavo): foram eles os primeiros residentes da Costa de Caparica. A primeira construção relativamente elaborada terá sido a igreja local, praticamente no mesmo sítio onde a vemos hoje, inicialmente revestida apenas de colmo e de junco.»


(continua)



aguarela de Roque Gameiro. 
Postal ilustrado. 
Arquivo Marina Tavares Dias

terça-feira, 12 de agosto de 2014

AS BURRICADAS DA OUTRA BANDA

Marina Tavares Dias
em Lisboa Desaparecida
volume V:

«[.../...] A Outra Banda vem mais tarde. Em pleno Romantismo, cativava apenas os que queriam ver Lisboa do Tejo ou experimentar mais uma qualidade de caldeirada à fragateiro. Possuía, contudo, um atractivo quase exclusivo: as célebres burricadas. Os lisboetas afluíam a Cacilhas quase sempre como continuação de um passeio a Belém, onde tomavam depois o vapor. Antes de se interessarem por praias como a Trafaria ou a Cova do (dito) Vapor, passeavam-se pelas suas escassas ruas, empoleirados num burro alugado que já sabia de cor o caminho, mesmo que lhe vendassem os olhos. Passatempo muito frequentado por intelectuais, jornalistas e escritores, as burricadas da Outra Banda fizeram história durante quase um século e permitiram juntar fortuna a muito dono de taberna no centro de Cacilhas. [...)» 

(continua no livro)




Postais ilustrados do início do século XX.
Cacilhas e o seu Farol (edição Commercio do Porto)
Burricada de Cacilhas à Cova da Piedade (edição Paulo Guedes)