segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma nota à «HISTÓRIA DO FUTEBOL EM LISBOA» de MARINA TAVARES DIAS

«Acontece com os futebolistas dos primeiros tempos quase o mesmo que transformou em distantes ecos o nome dos actores de teatro do século XIX. Não existindo qualquer registo visual do seu trabalho, facilmente foram esquecidos em prole de gerações posteriores cujas «performances» ganharam, através do cinema ou da televisão, um lugar no imaginário colectivo. 

Por isso, talvez não seja surpreendente que as listas elaboradas, em 1999, sobre os melhores futebolistas portugueses do século XX tenham deixado de fora praticamente todos os jogadores da primeira metade. Se a este distanciamento real aliarmos as alterações entretanto introduzidas na própria técnica dos jogos, perceber-se-á como é hoje difícil avaliar um desempenho de há 75 anos apenas pela descrição que dele foi feita nas publicações da época. 

No entanto, os ídolos e as lendas do futebol português são quase tão antigos como a introdução da modalidade entre nós, tendo alguns desses nomes chegado aos nossos dias. Agora velados por um mistério que a sociedade mediática não pode explorar, esses pioneiros nacionais fazem parte duma história que apenas os verdadeiros amantes da modalidade podem compreender bem. Sem o esforço impar destes homens, o futebol nunca seria, contudo, o desporto de multidões que os portugueses conhecem, estimam e aplaudem até ao delírio. 

Porque, antes dos ordenados fabulosos, dos contratos internacionais ou mesmo dos estádios relvados estiveram os dedicados amadores que, muitas vezes à custa da própria bolsa, andaram de baliza às costas em nome duma colectividade, dum emblema, dum pequeno grande sonho. Sem campo próprio, sem balneários, sem dinheiro para um equipamento condigno. Foi assim, durante muitos anos, a maior parte do futebol que se jogou em Portugal. Este livro é uma homenagem a esses «sportsmen» que, a seu modo iluminados, viram no futebol o potencial futuro que justificava uma grande dedicação.»

MARINA TAVARES DIAS, 2000.

Francisco Stromp (1892 – 1930)

Cosme Damião (1885 – 1946)

                                                    Artur José Pereira (1891-1943)


   --  O livro é dedicado 
ao trabalho, à memória e ao legado de: 
Cosme Damião (1885 – 1946)
Artur José Pereira (1891-1943)
Francisco Stromp (1892 – 1930)  --

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