«D. Pedro V, coroado aos 18 anos logo no início da segunda metade de Oitocentos (1855), é uma das primeiras consciências oitocentistas viradas para o futuro que parece improvável, num país de caciques e de analfabetos.
A Guerra Civil terminara há pouco mais de 20 anos, viviam em Portugal continental três milhões e meio de habitantes, a Regeneração (introdutora do capitalismo em Portugal, segundo Oliveira Martins) ganhara forma em 1851. O cabralismo estava derrotado, dando início ao interminável rotativismo. Alexandre Herculano era o intelectual mais admirado, contando D. Pedro V entre os amigos mais próximos. Tal como no Rei, adivinha-se-lhe descrença total na nova classe política.
O país vai tornar-se capitalista à custa do capital estrangeiro (sobretudo inglês, francês ou «brasileiro de torna-viagem»). Apesar dos arremedos da geração do Duque de Saldanha, cessam antigas conspirações, com a estabilidade finalmente abrindo caminho para novos projectos económicos e novas concepções urbanas. Em Lisboa, a segunda metade de Oitocentos marcará a feição definitiva da cidade, com expansão dos eixos viários para Norte, fugindo do rio, como sabiamente se intuíra desde o terramoto – e maremoto – de 1755. »
(continua no livro)
Imagens:
D. Pedro V fotografado por Mayer & Pierson durante a sua estadia em Inglaterra.
Gravura a partir de fotgrafia da mesma sessão.
D. Pedro V fotografado por Václav Cifka.
D. Pedro V e D. Estefânia no verso da antiga nota de mil escudos, com alusão à inauguração da linha férrea.
D. Pedro V e D. Estefânia no verso da antiga nota de mil escudos, com alusão à inauguração da linha férrea.
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